Fundo compra galpão logístico no Galeão, usado pela Shopee, reforçando papel do aeroporto como hub estratégico do Rio

em Diário do Rio / Mercado Imobiliário, 11/dezembro

Aquisição inclui cinco galpões, entre eles o Hlog Galeão, com Shopee como principal inquilina e potencial para se tornar operação alfandegária; infraestrutura reforça retomada do Galeão como polo de cargas e logística.

O principal fundo imobiliário da gestora TRX, o TRXF11, fechou mais um movimento bilionário que reforça a posição do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) como um dos ativos logísticos mais estratégicos do país. A gestora está pagando o equivalente a R$ 402,8 milhões por cinco galpões considerados “filé mignon” do setor — quatro na região metropolitana de São Paulo e um dentro do próprio Galeão, no Rio.

Juntos, os imóveis somam 107 mil m² de ABL e pertenciam a um fundo da Hire, que agora será incorporado via troca de cotas: o TRXF11 ficará com 90% do fundo da Hire, e os antigos donos receberão cotas equivalentes ao valor total da operação.

Galeão ganha reforço estratégico

Entre os ativos adquiridos, o destaque para o Rio é o Hlog Galeão, galpão de 16.503 m² situado dentro da área do aeroporto, com 75,7% de ocupação e a Shopee como maior inquilina.

Segundo Gabriel Barbosa, diretor de gestão da TRX, o imóvel possui vantagens competitivas únicas:

“A maior vantagem do Hlog Galeão é estar situado dentro do Aeroporto Internacional do Rio, uma área com segurança militar. Além disso, está em processo legal para se tornar operação alfandegária, o que pode elevar significativamente o valor de aluguel e torná-lo um dos galpões mais estratégicos da nossa carteira.”

A possível transformação em recinto alfandegado dialoga diretamente com a recente recuperação do Galeão como hub logístico, impulsionada:

  • pelo limite de voos no Santos Dumont,
  • pela expansão de rotas internacionais,
  • e pelo aumento contínuo da movimentação de cargas — que já cresce mais de 40% ao ano desde 2023.

A operação, portanto, reforça o corredor logístico do Rio, especialmente em um momento em que o aeroporto amplia a infraestrutura e atrai novos operadores de carga expressa.

Compra faz parte de rodada gigante de aquisições

A aquisição dos cinco galpões se soma a uma série de transações recentes do TRXF11 que já passam de R$ 2 bilhões:

  • 14 agências da Caixa (R$ 140 milhões),
  • prédio da Escola Eleva na Barra (R$ 159 milhões),
  • expansão de portfólio com varejistas como Mateus e Atacadão,
  • compra de dois shoppings em Belo Horizonte.

Para viabilizar esse ciclo, o fundo conduz a maior captação da sua história, que pode chegar a R$ 3 bilhões. Até agora:

  • R$ 1,9 bi foi arrecadado via troca de imóveis por cotas,
  • R$ 600 milhões vieram em dinheiro de cotistas atuais.

Mesmo em cenário de juros altos, a TRX afirma ter encontrado grande demanda.

Ativos diversificados e mudança de perfil

O portfólio do TRXF11 chega agora a 110 imóveis, totalizando 1,2 milhão de m² de ABL. Com a nova aquisição, o estoque de terrenos do fundo cresce quase 11%, alcançando 2,4 milhões de m².

A compra também consolida uma transição no perfil da carteira: antes concentrado em sale & leaseback de varejo, o fundo se move para:

  • galpões multilocatários,
  • imóveis corporativos,
  • hospitais (como o novo Albert Einstein em SP),
  • agências bancárias e shopping centers.

Segundo Barbosa:

“Menos de 10% do nosso portfólio era multilocatário. Essas aquisições ampliam a diversificação e reduzem riscos. E seguimos em parceria: a Hire continuará gerindo os contratos de locação.”

Hoje, o TRXF11 vale R$ 3,2 bilhões na Bolsa e possui mais de 200 mil investidores. Em 12 meses, a cota subiu 5,4%.


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