Compactos no Centro aguçam o apetite de investidores

O Centro do Rio vem se tornando um dos locais preferidos pelos investidores do mercado imobiliário. Segundo o SindusconRio, mais de 50% das 2,8 mil unidades lançadas na região nos últimos quatro anos foram adquiridas por esses compradores, de olho na rentabilidade e na liquidez dos imóveis. O “boom” de lançamentos é resultado dos incentivos fiscais previstos no Reviver Centro, da Prefeitura do Rio, que levou construtoras e incorporadoras a buscar oportunidades na região — a maioria retrofit de prédios comerciais convertidos em moradias para locação “short stay”.

Um bom exemplo do apetite dos investidores é o “case” do icônico Edifício Mesbla, que será transformado em residencial. Todas as 192 unidades do empreendimento foram vendidas nas 24 horas seguintes ao lançamento, em 29 de abril — mais de 80% delas para investidores encantados com as características do projeto, que vão além da emblemática torre de cem metros de altura com um relógio no estilo art déco — marca registrada do prédio.

No caso do Ora (novo nome do edifício, inspirado no relógio), o perfil do projeto já apontava a atração de investidores, que desembolsaram entre R$ 500 mil e R$ 900 mil por unidade. Serão apartamentos compactos (estúdios, sala e quarto e double suítes), adequados a locações de curta duração.

O empreendimento é da Inti, que pagou R$ 21,7 milhões pela aquisição do prédio e vai investir R$ 34 milhões para reconstruir os ambientes internos do novo residencial. A conclusão da obra está prevista para julho de 2027. A fachada do prédio de 91 anos, tombado, será toda preservada.

“Teve de tudo um pouco nas vendas do Ora: investidor de primeira viagem ou que já tinha imóveis na carteira e os que compraram um andar inteiro. Eles vieram de todas as regiões do país, atraídos pelo potencial de valorização do Centro e pela vitrine que se tornaram os empreendimentos lançados anteriormente, alguns com valor de venda triplicado quatro anos depois”, afirma André Kiffer, CEO da Inti.

Retorno positivo

O projeto do Gate Santos Dumont, da RJZ Cyrela, que teve 90% das unidades vendidas para investidores, e o do Edifício A Noite, retrofit da Azo Inc. que preservará fachadas e elementos tombados e teve 97% dos apartamentos adquiridos pela gestora global de ativos, Brookfield, mostram que a região se tornou um celeiro de investimentos. A explicação está no excelente retorno sobre o capital investido.

“O valor do metro quadrado na região gira em torno de R$ 10 mil a R$ 12 mil, cerca de 30% do preço praticado em Ipanema e no Leblon, por exemplo. Mas a rentabilidade mensal é de cerca de 50% da obtida nesses bairros, o que torna o Centro uma excelente opção”, explica Ernesto Otero, CEO da Lobie, que faz gestão de locação em novos empreendimentos na Zona Sul e no Centro.

O Casa Mauá Residencial, um retrofit do Opportunity FII na Visconde de Inhaúma, é o maior “case” de sucesso da carteira da Lobie, diz Otero. Com tíquete médio de R$ 200 mil, as unidades foram 100% vendidas em apenas seis horas após o lançamento, no final de 2023. “A rentabilidade média mensal líquida está acima de 2% sobre o capital investido na compra, e o empreendimento hoje é o que mais rentabiliza”, ressalta.

A Calper também está de olho na região e deve lançar dois projetos ali com foco no investidor: um no Santo Cristo, com 300 unidades, e outro na Avenida Presidente Vargas, próximo ao Sambódromo, com 600 apartamentos. Para Niceli Maini, diretora da Calper, a região é estratégica: tem forte conexão de transporte, próxima a grandes empresas e uma excelente oportunidade para receber projetos compactos.

“Esses fatores agregam valor ao produto e trazem mais oportunidades de ganho para o investidor. Em 2024, iniciamos a negociação e a aquisição de terrenos estratégicos no Centro, que tem grande potencial de revitalização e valorização”, comenta.