Financiamento imobiliário deve recuar 4% em 2025
em Valor Econômico, 29/julho
Em janeiro, o projetado era uma queda de 10%
O volume de financiamento imobiliário deve recuar em 2025, ainda que em um ritmo menor que o esperado no início do ano. A expectativa é que as concessões de crédito para o setor caiam 4%, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em janeiro, o projeção era uma queda de 10%.
A estimativa leva em conta tanto operações com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) quanto concessões de crédito com “funding” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo Sandro Gamba, presidente da entidade, a nova projeção está relacionada a uma melhora nas concessões com recursos do FGTS. “No início do ano, a previsão era de uma queda de 17% ante 2024, e que o FGTS estaria estável”, disse.
Agora, o esperado é uma queda de 20% nas concessões com poupança, para R$ 150 bilhões, e crescimento de 20%, para R$ 152 bilhões, das concessões com FGTS, sendo R$ 137 bilhões diretamente do fundo e R$ 15 bilhões de pré-sal.
No primeiro semestre, o total de financiamento imobiliário foi recorde total, para R$ 140,4 bilhões. Levando em conta apenas os recursos das cadernetas do SBPE, as concessões somaram R$ 73,6 bilhões, 10,4% menos que no mesmo período de 2023.
O recuo foi influenciado por uma melhora de desempenho no segundo trimestre, após as concessões encolherem 14% nos três primeiros meses do ano. Segundo Gamba, o crescimento do FGTS no semestre foi de 6%, influenciado pelas linhas do Minha Casa Minha Vida, “que continua crescendo”, segundo a entidade.
Gamba citou ainda o aumento do uso do funding imobiliário privado, em função da regulamentação e incorporação de mudanças recentes pelo Banco Central e pelas condições do mercado. Neste ano, segundo o presidente da Abecip, o crescimento do SBPE, que responde pela maior parte das concessões do país, foi influenciado principalmente pelo ritmo das concessões com taxa de juros prefixada. “A gente entende de forma muito positiva o que está sendo discutido pelo BC[…] A forma como o BC vem conduzindo esse processo, com a participação de todos os stakeholders, e o que tem sido debatido é bastante interessante.” Segundo ele, as discussões atuais não representam uma ruptura, mas são “avanços” que vão ampliar as alternativas de linhas de crédito imobiliário (LCI). “As novas estruturas vão atender demandas que não são atendidas hoje, e isso será benéfico para o sistema como um todo”, disse Gamba.
Uma demanda da Abecip é o retorno do prazo de vencimento das LCI para três meses. O vencimento, que passou a 12 meses no ano passado, foi resultado de uma instrução normativa da autoridade. Segundo a entidade, a LCI é um dos principais instrumentos de captação do setor e a exigência do novo prazo (o aumento do prazo mínimo de vencimento) impactou o mercado. “A gente espera que isso possa ser revisto para que as LCI voltem a ser instrumento importante de suporte ao mercado imobiliário.”
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