Prefeitura do Rio cerca o Arpoador com regras urbanísticas para conter avanço da especulação

em Diário do Rio, 28/julho

O município agora estabelece critérios próprios para o licenciamento de projetos na região e suspende por 180 dias a emissão de novas licenças para obras que não estejam vinculadas diretamente à atividade turística.

A região do Arpoador acaba de ser declarado Área de Especial Interesse Urbanístico (AEIU) e Área de Especial Interesse Turístico (AEIT). O decreto, assinado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e publicado nesta segunda-feira (28/07) no Diário Oficial, cria um regime urbanístico específico para um dos pedaços mais cobiçados da Zona Sul carioca, onde qualquer metro quadrado vale uma fortuna. O valor médio, por exemplo, pode ultrapassar os R$ 39 mil, em alguns casos a R$ 45 mil para lançamentos imobiliários.

Com a medida, a Prefeitura estabelece critérios próprios para o licenciamento de projetos na região e suspende por 180 dias (prorrogáveis) a emissão de novas licenças para obras que não estejam vinculadas diretamente à atividade turística. A prioridade, segundo o texto do decreto, é fomentar o turismo, facilitar a instalação de hotéis e garantir o controle do uso do solo entre Copacabana e Ipanema, em uma área considerada estratégica para o desenvolvimento econômico do Rio. O trecho perdeu boa parte de seu núcleo hoteleiro para a especulação imobiliária, sobretudo em Ipanema.

O núcleo incluído nessa nova classificação urbanística tem limites bem definidos: compreende todo o trecho à esquerda da Avenida Rainha Elizabeth, no sentido Ipanema — desde a Avenida Atlântica até a Vieira Souto. No total, são 11 quarteirões que passam a fazer parte da AEIU/AEIT.
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Terreno milionário pode destravar hotelaria

Entre os imóveis atingidos pela nova regra está o antigo Colégio São Paulo. Fundada em 1922 e administrada pela Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo, a escola encerrou as atividades no ano passado, deixando desocupado um terreno de três mil metros quadrados na Vieira Souto. O valor estimado para venda da área estaria girando em torno de R$ 250 milhões. Uma grife de restaurantes chegou a sondar o espaço para implantar uma nova rede de hotéis, mas o negócio não avançou.

A negociação tem esbarrado em um entrave, já que a congregação insiste em manter uma pequena capela que ocupa parte do terreno. A exigência estaria inviabiliza qualquer projeto residencial ou hoteleiro de grande porte, já que compromete a possibilidade de um retrofit ou demolição total da estrutura atual.

Nos bastidores, o imóvel já foi sondado por grandes grupos do setor. E, nos últimos meses, as irmãs fecharam acordo com um grupo educacional que, segundo fontes do mercado, seria ligado aos mesmos controladores do Escola Carolina Patrício — instituição conhecida na Barra e que tem apostado em novas unidades na Zona Sul do Rio.


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