Moradores criam o projeto “Rio protege Centro”
em Veja Rio, 28/julho
“Todos agora têm o objetivo de promover, por conta própria, o crescimento da região, sem necessariamente contar com as autoridades", diz idealizador.
Passando por ali com frequência, o único pensamento que vem aos comerciantes da Lapa e Cruz Vermelha é que caia alguma das casas sobre suas cabeças. Diante disso, criaram o “Rio Protege Centro”, segundo eles, aliado ao poder público. “Todos agora têm o objetivo de promover, por conta própria, o crescimento da região, como já acontece em Amsterdam e Berlim, sem necessariamente contar com as autoridades. Não estamos contra a Prefeitura, mas ao lado dela. Eu mesmo voto no Eduardo Paes, adoro ele. E respeito muito o Brenno Carnevale, secretário de Ordem Pública”, diz o jornalista Alexandre Schnabl, autor da ideia, com o estilista Beto Neves e os restauranteurs Laura Jannuzzi e Paulo André Lagoeiro, todos donos de imóveis interditados durante o carnaval, quando desabou o palacete vizinho da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia. Também entrou no grupo a associação de moradores e comerciantes da região, representados pela radialista Isis Viana.
Entre os projetos, reforma e pintura de casarões, eventos culturais e gastronômicos. O entusiasmo cresceu com o retorno das atividades no palácio da Cruz Vermelha, em junho, construção de 1902 que dá nome à praça. O projeto de retrofit da fachada deve acontecer ainda este semestre.
“Minha família veio para cá na virada dos anos 1960, quando havia a promessa de um metrô que só acabou chegando décadas depois. Mesmo assim, temos uma estação abandonada, nunca aberta, debaixo da Cruz Vermelha, prontinha sob nossos pés como se fosse uma marmota hibernando”, diz a dentista e empreendedora Laura Lagoeiro, uma das moradoras.
“Queremos promover a Lapa e Cruz Vermelha através de ações práticas que se reverberem de forma positiva para o futuro da cidade, a começar pelo respeito ao legado cultural, que anda mal gerido pelas autoridades. Estamos sem pai, mas vivinhos da silva”, diz Paulo André.
Deborah Louisie, do Instituto de Pesquisa de Culturas Negras, por exemplo, promove uma roda de samba e de capoeira, mais feirinha de pequenos criadores de moda, gastronomia e decoração aos domingos. “Estamos com um projeto já finalizado para recuperar a fachada original, retomando o escopo centenário da construção”, comenta ela.
Schnabl também tem conversado com galerias a paulistana ZIV Galeria, de arte urbana, que está abrindo filial no Rio, e com o Trova, um movimento de artistas, grafiteiras e curadoras de arte mulheres, para intervenções nas fachadas. “Acredito que um olhar feminino pode trazer ternura a uma região tão combalida, essa Tereza Batista Cansada de Guerra de cimento e alvenaria. Os paulistas têm o Beco do Batman e nós vamos botar de pé o da Mulher Maravilha”, diz ele.
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