
Ipanema no topo: bairro lidera lançamentos na Zona Sul
em Diário do Rio, 10/julho
Com 254 unidades lançadas só em 2024, região lidera boom imobiliário e deixa vizinhos tradicionais para trás
O som das britadeiras voltou a ser rotina em Ipanema. E não é à toa. Os predinhos e casas mais antigas — pelo menos os que ainda não são tombados — que se cuidem. Depois de um período concentrado nos lançamentos da Barra da Tijuca, o mercado imobiliário decidiu retornar para as bandas de cá. E voltou com pressa.
Incorporadoras têm comprado prédios inteiros, derrubado tudo e erguido espigões de estúdios e residenciais de luxo, em um ritmo de construção que contrasta com o tom calmo de bairros vizinhos. Um dos endereços mais exclusivos e caros do Brasil, Ipanema vive hoje um boom de lançamentos que chama atenção até para seus próprios padrões.
Segundo levantamento inédito do Sinduscon-Rio e da Brain Inteligência Estratégica, o número médio de unidades residenciais lançadas em Ipanema cresceu 294% entre 2022 e 2024. A média anual saltou de 63 unidades, no triênio 2019–2021, para 214 nos últimos três anos.
Só em 2024, até maio, foram lançadas 135 unidades no bairro — mais do que o triplo do Leblon (32) e número muito superior ao da Gávea, Jardim Botânico e Lagoa, que não tiveram nenhum novo lançamento registrado.
O cenário se repete ao longo de todo o ano: Ipanema soma 254 unidades colocadas no mercado até agora, contra 89 no Leblon. E o apetite segue alto, mesmo com preços que não param de subir.
Estímulo oficial
O novo apetite tem explicação. Ipanema virou uma das áreas receptoras de incentivos urbanísticos criados pela Prefeitura — como o Reviver Centro e o Mais-Valerá. Na prática, esses mecanismos permitem que construtoras ganhem bônus de potencial construtivo e até regularizem empreendimentos que extrapolam os limites urbanísticos tradicionais.
“Isso é resultado direto dos estímulos. O mesmo não aconteceu em bairros igualmente valorizados, como Jardim Botânico e Gávea, que ficaram de fora. É algo que precisa ser revisto para uma possível nova etapa do Reviver Centro”, avalia Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio.
Pelo Reviver Centro, empresas que lançam projetos residenciais no Centro ganham créditos que podem ser usados para construir mais nos bairros da Zona Sul. Já o Mais-Valerá abriu caminho para legalizar prédios mais altos que os limites previstos no zoneamento original.
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