Tendências do alto padrão para 2025
em Valor Econômico, 10/janeiro
Mercado imobiliário paulista deve apostar em projetos com arquitetura bem resolvida, design assinado, plantas eficientes e residências com mais conforto.
Prédios-butique residenciais, condomínios de casas na capital e no interior, empreendimentos “collabs” com marcas internacionais, apartamentos com plantas mais eficientes e imóveis para locação são as principais apostas do mercado imobiliário paulista de alto padrão para 2025.
Esses produtos, em geral, registraram performance superior em 2024, e a perspectiva é que continuem em destaque na capital paulista ao longo deste ano que se inicia. Especialistas do setor, Cyro Naufel, diretor de Relações com Investidores da Lopes, e Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s, analisam essas tendências.
Com uma ou duas suítes, poucas unidades por empreendimento e arquitetura ousada, os prédios-butique têm forte apelo no mercado, pois ocupam terrenos pequenos em ótimas localizações e atraem a quem busca moradia, ponto de apoio na cidade ou rentabilidade.
“Eles seguirão como protagonistas na capital. A cidade tem 55 mil imóveis em estoque, 81% deles com até 65 metros quadrados, o que engloba esse tipo de projeto”, diz Naufel. Para ele, essa oferta significativa traz a reboque uma necessidade de o incorporador fazer análise criteriosa de localização e qualidade da infraestrutura antes de lançar um empreendimento.
Casas valorizadas
Impulsionado durante a pandemia, o segmento de casas de luxo deve seguir a trajetória bem-sucedida dos últimos anos. Isso vale tanto para os condomínios horizontais da capital quanto para os grandes loteamentos do interior. Em ambos, o principal atributo é a combinação de espaço, conforto, contato com a natureza e segurança.
“Os condomínios horizontais vieram para ficar e, neste ano, deverão ganhar novos produtos, com a entrada de incorporadoras no segmento. As empresas têm fechado a conta: o valor das casas é alto, algumas são negociadas por R$ 30 milhões. É um mercado que tem crescido bastante em bairros com oportunidade de formação de áreas maiores, como Cidade Jardim, Jardim Guedala e Alto de Pinheiros”, analisa Romero.
Quanto à segunda residência em loteamentos a uma distância de até 120 quilômetros de São Paulo, o executivo também aposta no incremento da oferta em 2025. “No geral, esse é um investimento que deve seguir com um ‘upside’ muito interessante quando se compara o custo do terreno e da construção vis-à-vis ao valor da casa já pronta.”
Locação em alta
Para quem busca renda com aluguel, o novo ano promete ser mais do que positivo. Isso porque a alta dos juros da economia somada a uma provável escalada dos preços dos imóveis deverá levar muita gente a buscar aluguel em São Paulo. Assim, comprar imóveis para renda passa a ser ainda mais interessante para quem busca diversificar o portfólio de investimentos.
Vale lembrar que os preços do aluguel acumularam uma alta de 11,41% até outubro passado, segundo o Índice FipeZap. O percentual foi muito acima do IPCA/IBGE (4,2%) e do IGP-M/FGV (3,8%) no período. Em São Paulo, a valorização chegou a 9,69%.
“O segmento tem se tornado mais profissional também, com empresas e produtos destinados exclusivamente para locação. Isso vem elevando a qualidade dos empreendimentos e atraindo mais gente para esse modelo de moradia”, pondera Naufel.
“As unidades novas têm uma quantidade menor de ambientes, deixando espaço para o que realmente importa. É melhor ter três suítes confortáveis, por exemplo, do que quatro apertadas”, avalia Romero.
Por fim, os projetos realizados em parceria com marcas de luxo seguirão em destaque no ano que começa. “É algo que gera desejo nos clientes”, explica o CEO da Bossa Nova. Entretanto, ele alerta para a necessidade de toda a cadeia de desenvolvimento do produto estar afinada com o conceito de luxo imobiliário. “Investidor, construtor e vendedores precisam entender o que é o alto padrão. Caso contrário, o risco de decepção na entrega é grande”, diz.
O empreendimento “collab” mais recente anunciado na cidade é o Vista Cyrela Furnished by Armani/Casa, próximo ao Jockey Club da capital. Com torres de 206 metros de altura, apartamentos de 350 a 520 metros quadrados e coberturas com até 850 metros, o condomínio terá áreas comuns decoradas pela maison italiana de design.
Cenário
Apesar de um crescimento do alto padrão na casa dos 20% em 2024 — tanto em VGV quanto no volume de vendas —, os especialistas esperam um ano novo desafiador para o mercado imobiliário brasileiro.
Entre os pontos de atenção, Romero destaca a necessidade de os incorporadores terem mais atenção ao “timing” dos lançamentos, pois, como muitos postergaram a apresentação de novos produtos para este primeiro semestre, o risco de excesso de oferta pode reduzir a velocidade das vendas.
A tendência de elevação da Taxa Selic nos próximos meses também gera apreensão, já que a curva de alta impacta a decisão de compra do cliente, ainda que o comprador de alto padrão seja menos dependente de financiamento bancário. Para gerar um desejo acima do racional e levar vantagem diante da concorrência acirrada, os empreendimentos devem ter localização, arquitetura, plantas, “amenities” e preço bem resolvidos.
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