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A sofisticação chega às casas modulares
em Valor Econômico / Imóveis de Valor, 23/maio
Sustentáveis e de construção mais ágil, novos projetos assinados por arquitetos renomados estão conquistando clientes mais exigentes.
Casas modulares feitas a partir de processos industrializados de construção estão ganhando um novo apelo no mercado imobiliário nacional. Conhecidos pela eficiência na montagem, maior previsibilidade de gastos e menor impacto ambiental, esses projetos agora oferecem uma arquitetura mais sofisticada, atraindo um novo nicho de compradores.
Em São Paulo, a sysHaus está desenvolvendo três linhas de residências desse tipo, assinadas por arquitetos consagrados como Rodrigo Ohtake, Arthur Casas e Miguel Pinto Guimarães. “Já trabalhamos com construções industrializadas há muitos anos, mas percebemos que o segmento residencial ganhou relevância e passamos a investir no design dos projetos”, explica o sócio-proprietário da empresa, Ivo Santos.
Rodrigo Ohtake concebeu um modelo de casa de campo de 180 metros quadrados, em Ibiúna (SP), que tem quatro módulos e serviu de inspiração para uma linha que será lançada no mercado. Já o conceito usado por Arthur Casas para a edição do CasaCor de 2018 deve agora tornar-se um produto comercial e tem tudo para agradar ao público mais exigente.
Outros escritórios de arquitetura também têm se destacado no segmento. É o caso do UNA BV, de Fernanda Barbara e Fábio Valentim, que desenvolveu dois sistemas construtivos que permitem a personalização dos projetos em residências com dois andares.
Recentemente, eles entregaram uma casa de 800 metros quadrados distribuída em módulos, em uma praia de Ilhéus (BA). Valentim conta que vigas, pilares e painéis foram levados em duas carretas desde a fábrica, em Suzano (SP), até o local, no litoral sul do estado.
“Esse tipo de construção permite deslocamentos longos, e o custo do frete fica em torno de 3% a 5% do orçamento da obra”, diz. A estrutura da casa em Ilhéus foi toda montada em duas semanas.
Agilidade
Já a arquiteta Lua Nitsche, do escritório Nitsche Arquitetos, colocou de pé vigas, pilares e paredes de um projeto com madeira engenheirada em Piedade, no interior de São Paulo, em apenas um dia, com quatro montadores e um operador de guindaste. “A parte estrutural começou a ser feita pela manhã e ficou pronta no final da tarde. Se fosse em alvenaria, precisaria de pelo menos o dobro de pessoas e de semanas para a conclusão”, compara Lua.
A arquiteta ressalta que a agilidade é decorrente do processo de fabricação dos materiais utilizados — sejam módulos de ambientes completos ou partes da casa —, que obedecem fielmente ao que está determinado no gabarito. “As peças são cortadas com precisão, numeradas e já vêm com as perfurações do sistema elétrico e hidráulico. Ao associar uma tecnologia de projeto a outra construtiva, tornamos a obra mais eficiente e sustentável”, analisa.
Outro valor da construção industrializada é o controle de gastos, uma vez que o custo é conhecido desde o começo. “O cliente sabe a quantidade exata de vigas, telhas e até de parafusos e o quanto vai pagar por isso”, afirma Lua Nitsche.
Resíduos
O método contribui ainda para uma drástica redução no volume de rejeitos — fator relevante para diminuir o impacto ambiental do setor. Segundo o estudo “Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2024”, elaborado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), estimase que, em 2023, cerca de 44 milhões de toneladas de rejeitos da construção e demolição foram gerados no país.
“O projeto em módulos permite uma melhor adaptação ao terreno e à vegetação existente, sem necessidade de grandes movimentações do solo. Além disso, como os encaixes são precisos, não há desperdício de materiais e praticamente não há geração de entulho”, diz Fernanda Barbara.
Por todas essas razões, as casas modulares vêm conquistando cada vez mais as pessoas de alta renda. “Em geral, é um perfil de cliente que viaja muito para o exterior e já se hospedou ou morou em casas desse modelo lá fora. Ele entende a qualidade da arquitetura e valoriza o baixo impacto ambiental desse tipo de projeto”, analisa Fernanda.
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