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Hobbies ganham espaço nos residenciais de luxo
em Valor Econômico, 30/maio
Novos projetos do alto padrão têm ambientes dedicados a hábitos dos moradores, como colecionismo, pintura e enogastronomia. Tendência potencializa o bem-estar.
A pandemia trouxe diversos impactos sobre o jeito de morar das pessoas e, por consequência, nas plantas e na arquitetura das residências. No primeiro momento, o do confinamento, a demanda foi por ambientes integrados para reunir a família, “home offices”, áreas ao ar livre e varandas abertas nos apartamentos, a fim de melhorar a entrada de luz e a ventilação natural.
Passada a crise sanitária, a ideia de que a casa deve contribuir para o bem-estar dos moradores permanece forte — e um dos reflexos desse “novo morar” começa a surgir agora: espaços reservados para o hobby dos moradores.
Em São Paulo (SP), a incorporadora G.D8 desenvolve condomínios-butique residenciais com ambientes preparados para atender a essa nova demanda em todas as unidades. “Pode ser um ateliê de pintura, uma galeria de arte, uma sala com adega para degustar vinhos ou uma garagem para carros antigos. Buscamos aliar o aspecto funcional da casa com a questão emocional”, afirma Daniel Ribeiro, CEO da incorporadora.
No empreendimento One Haus, na Zona Oeste da capital paulista, todas as residências têm um ambiente para o hobby posicionado logo na entrada. “A ideia foi criar um estímulo emocional. É importante que o morador, ao chegar ou sair de casa, tenha contato com o sentimento despertado por algo que ele gosta muito de fazer”, explica Ribeiro.
Em Porto Alegre (RS), o escritório de arquitetura Steemer Rodrigues vem projetando residências de altíssimo padrão com esse mesmo apelo. A Casa Nascente, por exemplo, terá como ponto focal um imenso aquário com peixes ornamentais — uma paixão do futuro proprietário. “Ele é aquarista e fez questão de ter um ambiente desses em casa. O aquário terá quatro metros de extensão”, explica Paulo Henrique Rodrigues, diretor-executivo do escritório.
A água, aliás, é elemento presente em todos os ambientes. “Um espelho d’água percorre o projeto, cruzando os ambientes internos, e se prolongará até a piscina de borda infinita, que terá vista para um lago que pertence ao condomínio”, descreve.
Outro projeto do escritório é o Apartamento Amélie, para um casal que coleciona arte. Para atender ao hobby, o escritório instalou um grande painel metálico na parede da sala de estar, para receber os quadros.
“Como os moradores disseram que costumam mudá-los de lugar com frequência, criamos essa estrutura. Assim, eles não precisam mais furar as paredes do apartamento a cada nova troca”, diz o diretor.
Sensível a essa tendência, a incorporadora AG7, de Curitiba (PR), oferece aos compradores do empreendimento Ícaro Casa-Térrea, no bairro Novo Ecoville, a opção de personalizar duas salas livres que compõem a planta.
“Sugerimos uma adega no espaço que fica mais perto da área gourmet; e uma biblioteca na área íntima do apartamento”, explica Marcela Miranda, diretora de Operações da AG7, acrescentando que muitos clientes são ainda mais criativos. “Há quem deseje montar uma sala de cinema privativa e até um ambiente com simulador de golfe 3D”, diz.
Para Marcela, a proposta dos ambientes para hobbies tem sido uma demanda crescente. “As pessoas têm jeitos diferentes de viver e buscam retratar isso no local que escolheram para morar. Nossa ideia é criar um lar que se adapte às necessidades e às vontades do morador, hoje e no futuro”, afirma.
Bem-estar
Para o professor do curso de Arquitetura da PUC-Campinas Wilson Barbosa, esses ambientes voltados ao ócio criativo, onde a pessoa pode se dedicar a algo de que goste e sair da rotina, vêm ganhando evidência principalmente no pós-pandemia.
“A casa precisou ser repensada para outros prazeres, incorporando espaços como oficinas e ateliês para atividades manuais, onde o morador se afaste das funções cotidianas, contribuindo para melhorar seu bem-estar”, afirma Barbosa.
Segundo o acadêmico, a boa arquitetura tem como princípio ajudar a saúde mental das pessoas, e os espaços para hobbies vão ao encontro disso. “Quando bem posicionados e elaborados, eles têm o potencial de estimular a lembrança da casa como um local de refúgio, sim, mas de prazer também.”
Ver online: Valor Econômico