Depois de ter sido a primeira incorporadora a apostar em prédios de estúdios na Zona Sul, Henrique Blecher está de volta ao segmento e de olho no novo filão do mercado imobiliário carioca: o Centro do Rio. O empresário, fundador da ARKT (antiga Origem) e da marca MO.DO, criada para abrigar as unidades mais compactas da empresa, já mapeia imóveis na Região Central e em Copacabana para levar o modelo adiante.
Segundo Blecher, o Centro vive um momento de transformação e precisa de tempo para se reposicionar e reconstruir sua identidade. Ele diz querer fazer parte desse movimento. “O Centro do Rio tem um tempo para maturar e para se reposicionar. E eu quero fazer parte disso na minha cidade”, resume.
A volta ao segmento dos compactos acontece em meio ao boom imobiliário que tem movimentado a Região Central, impulsionado pela alta liquidez dos novos empreendimentos e pelo retorno de investidores ao coração financeiro e corporativo da cidade, que vem descobrindo sua nova vocação residencial. Já foram lançadas e vendidas mais de 13.000 unidades na região do Centro do Rio, e a procura está cada vez mais alta, com lançamentos sendo vendidos em questão de horas e até minutos. “O lançamento Áureo, da Rua do Acre, foi vendido antes mesmo da abertura das vendas. Estamos sendo inundados de pedidos de construtoras querendo investir na região, mas a dificuldade é encontrar edifícios de um dono só, o que facilita e muito a negociação“, explica Lucy Dobbin, superintendente de vendas da Sergio Castro Imóveis, maior imobiliária da região.
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Dobbin explica que não só as construtoras como também as redes de hotéis estão tendo o velho Centro como alvo. A revitalização de regiões como o Arco do Teles, o Beco das Sardinhas e o Largo de São Francisco da Prainha, vêm inspirando mais e mais empreendedores. Ela cita a venda, recente, à mesma rede hoteleira, de quatro prédios na região: Presidente Vargas 824 e 844, Ouvidor 107 e o velho Hotel Aymoré, na Praça da Cruz Vermelha. A Rede Windsor, dona do famoso Hotel Guanabara, também na famosa Avenida, também teria acabado de adquirir um prédio inteiro na Avenida Rio Branco, para ampliar sua capacidade de hospedagem no Centro Histórico.
Retorno às origens
Enquanto o Centro está no radar, o primeiro passo da nova fase vem de Botafogo. É lá que a incorporadora prepara um lançamento em um terreno de 780 m², na Rua Voluntários da Pátria, com projeto que preserva uma casa tombada e será convertido em galeria de arte. O empreendimento, vizinho a UNIRIO, terá 78 unidades, entre estúdios de 21 m² a 37 m², e poderá chegar a R$ 70 milhões em valor geral de vendas (VGV).
Blecher foi o primeiro a lançar estúdios na Zona Sul após a mudança na legislação de 2019, que permitiu apartamentos mais compactos na região. Depois de fundar a Bait — incorporadora adquirida pela Gafisa —, criou a Origem, agora ARKT, e lançou a MO.DO como linha de produtos menores, voltados à ocupação urbana e ao público que busca investir em imóveis de alta liquidez.