Procura por imóveis novos segue crescendo e é mais forte no MCMV
em Valor Econômico, 19/maio
Indicador apurado trimestralmente pela consultoria Deloitte e a Abrainc complia informações de 48 empresas do setor.
A procura por imóveis novos no país segue em tendência de alta, aponta o Indicador de Confiança do Setor Imobiliário Residencial, feito trimestralmente pela consultoria Deloitte e a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). Participaram do levantamento 48 empresas do setor imobiliário.
A pesquisa avalia alguns itens com notas de 1 a 3, que indicam forte redução, redução, manutenção, aumento ou forte aumento nos indicadores. A procura por imóveis se manteve com a nota de aumento (2,28), ligeiramente acima do reportado no quarto trimestre de 2023 (2,22).
As empresas que trabalham com imóveis do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) sentiram um aumento maior (2,54) do que a média, enquanto as companhias de médio e alto padrão registraram nota 2, que aponta para manutenção do nível de procura.
É possível perceber como o segmento do MCMV está mais aquecido do que os demais padrões. Perguntados sobre as vendas no trimestre, a média das empresas do MCMV foi de aumento, enquanto para médio e alto padrão houve manutenção do volume comercializado. Os preços de venda de imóveis do MCMV ganharam o nível “forte aumento”, com nota 2,66, enquanto para os demais padrões o nível foi de aumento, com nota 2,38.
Questionados se pretendem realizar lançamentos nos próximos 12 meses, 90% das empresas disseram que sim. Entre quem atua no MCMV, a resposta foi positiva para todos os participantes. No médio e alto padrão, 79% esperam lançar no período.
O interesse em comprar novos terrenos dentro de um ano também apresenta a mesma variação. Na média, 80% querem fazê-lo. Entre as empresas do MCMV, 94% esperam comprar novas áreas, enquanto 65% das empresas de médio e alto padrão estão se planejando para isso.
Rafael Camargo, diretor da prática de real estate da Deloitte, afirma que os indicadores para médio e alto padrão acabam “contaminados” por uma situação mais complicada nos imóveis de média renda. “O altíssimo padrão vem crescendo muito nos últimos dois anos, é um mercado que não depende muito de financiamento”, afirma. Esse tem sido o problema do médio padrão. Com o financiamento imobiliário caro — ainda não houve queda de taxa do crédito, mesmo com o movimento de redução da Selic — há insegurança entre as empresas sobre o poder de compra dos consumidores com renda média, que não são beneficiados pelo MCMV. O programa habitacional foi atualizado em meados de 2023 e tem ganhado força.
Mesmo com essa diferença, Camargo ressalta que o movimento de alta geral nas vendas já ocorre desde o segundo trimestre de 2023, segundo o indicador, que começou a ser realizado em 2021.
Na média das 48 empresas, a expectativa é que as vendas continuem crescendo no segundo trimestre. Para um horizonte de 12 meses, as companhias apostam em “forte aumento” das vendas, com nota 2,65. Também é esperado um “forte aumento” dos preços dos imóveis para os próximos 12 meses e em até 5 anos.
Para o padrão médio, Camargo afirma que se espera aumento em vendas e no preço dos imóveis, por causa da queda dos juros, que em algum momento deve atingir o financiamento imobiliário. Esse mesmo fator leva o mercado a apostar em preços mais altos, já que o financiamento sairia mais barato.
“O tomador [do crédito] entende que a tendência do preço é subir, ele decide comprar mesmo com a taxa de juros não tão boa porque pode fazer portabilidade e negociar com o banco para ter taxa melhor”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.
Ainda segundo França, há uma disparidade entre o preço praticado pelos imóveis em grandes centros do Brasil, como São Paulo, e em outros lugares do mundo, o que também apontaria para a alta nos valores.
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