Espaços pet chegam de vez aos projetos imobiliários

em O Globo, 23/junho

Tidos como membros das famílias, animais de estimação ganham ambientes únicos nos residenciais.

Uma pesquisa da consultoria Brain Inteligência Estratégica aponta que entre as principais tendências para o mercado imobiliário nos próximos anos está a chamada petmania. O resultado reflete a crescente importância dos animais de estimação na vida dos brasileiros. Para o mercado imobiliário, é uma oportunidade e uma preocupação: compradores e locatários valorizam, cada vez mais, ambientes que ofereçam infraestrutura e comodidades para os bichinhos — mas já não basta aceitá-los no condomínio, é preciso oferecer espaços exclusivos para o bem-estar deles.

Frequentadores para esses ambientes não faltam. Levantamento da Euromonitor, empresa inglesa de consultoria de pesquisas de mercado, mostrou que, em 2022, havia 168 milhões de pets no Brasil — apenas 38 milhões de indivíduos a menos que o número de habitantes do país, que é de 203 milhões de pessoas, segundo o Censo IBGE 2022. Os dados vêm chamando a atenção das incorporadoras, que adotaram de vez os pet places e pet cares em seus projetos.

— Quando lançamos nosso primeiro empreendimento, o Quintas, no Jardim Botânico, constatamos que havia muitas lojas de animais no bairro. Fizemos um pet point no condomínio, sem ter a certeza de que daria certo, e foi um sucesso! Desde então, nossos projetos passaram a ter esse espaço, que vai sendo moldado de acordo com o porte do residencial. Já não é mais uma tendência, é uma realidade do mercado — observa o sócio-diretor da Incorporadora Itten, Eduardo Cruz.

Nos projetos da Cury Construtora, os espaços para animais de estimação também estão em alta. O vice-presidente Comercial da empresa, Leonardo Mesquita, ressalta que os bichos são tratados como integrantes da família e, por isso, os clientes valorizam tanto a iniciativa. Hoje, ao desenhar um residencial novo, os arquitetos pensam em espaços para crianças, jovens, adultos e… pets.

—Há dois tipos de áreas para animais nos projetos: o pet place, destinado ao lazer e que tem brinquedos específicos, e o pet care, com espaço para banho, tosa e cuidados com os bichos. Em apartamentos pequenos, nem sempre é possível fazer a higiene do cachorro em casa — pontua ele.

Nos residenciais da Sig Engenharia, os espaços para pets são projetados em parceria com o time de paisagismo, garantindo integração com o design do prédio. Um bom exemplo é o pet place do Glória Residencial Rio de Janeiro, parceria com o Opportunity Imobiliário. Até no retrofit, cães e gatos terão um ambiente só para eles, com piso adequado e lavável, bebedouro e obstáculos para direcionar os circuitos.

— De uns anos para cá, a indústria relacionada aos pets vem crescendo a olhos vistos, e os condomínios não podem ignorar esse movimento. Os pet places são um diferencial importante — afirma a coordenadora de Produto da Sig, Sophia Costa.

É bom ressaltar: as leis brasileiras estabelecem direitos e deveres para os proprietários de animais. A Constituição Federal, por exemplo, assegura ao cidadão o direito de propriedade (Art. 5º, XXII e Art. 170, II) e de manter animais em casa ou apartamento desde que a permanência deles não atrapalhe ou coloque em risco a vida de outros moradores.

Em contrapartida, o dono deve manter o animal próximo ao corpo, utilizando uma guia curta nas áreas comuns do prédio, já que é sua responsabilidade garantir a segurança de todos (Art. 10º da Lei Nº 4.591/64 e Art. 1.277, 1.335 e 1.336, IV da Lei 10.406/02).


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