Para avançar na industrialização é inevitável mudança nos métodos construtivos, diz CBIC
em Agência CBIC, 15/abril
O avanço tecnológico dos processos construtivos tem ganhado espaço no setor da construção mas ainda enfrenta barreiras para o avanço da industrialização dos processos, afirmou o vice-presidente de Materiais, tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC, Dionyzio Klavdianos, durante o painel “Novos modelos de moradias – quebra de paradigmas”, realizado durante o durante o 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) na Feicon, com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi).
O evento ainda tem o patrocínio do Banco Oficial do ENIC e da FEICON, a Caixa Econômica Federal, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), Mútua, Sebrae Nacional, Housi, Senior, Brain, Tecverde, Softplan, Construcode, TUYA, Mtrix, Brick Up, Informakon, Predialize, ConstructIn, e Pasi.
“Os sistemas inovadores já são uma realidade e estão deixando de ser exclusividade de um nicho específico para conquistar espaço na construção civil”, disse Klavdianos.
No entanto, o setor ainda enfrenta uma série de desafios como o aumento dos preços dos materiais, que escalaram durante a pandemia e permanecem elevados, juntamente com as taxas de juros. Além disso, a escassez de mão de obra qualificada e a crescente exigência legislativa em questões de sustentabilidade e responsabilidade social, destacou o presidente do Conselho Consultivo da CBIC, José Carlos Martins.
Diante desse cenário, para que a industrialização avance, o setor requer ganhos de produtividade, qualidade e velocidade. “É inevitável a mudança de métodos construtivos. Ou a gente se adequa aos novos tempos, ou seremos tragados”, afirmou Martins.
Durante o encontro, o diretor de operações da Tecverde, Felipe Basso, apontou a receptividade da população como um dos principais desafios para a inserção de novos métodos produtivos no mercado. Basso exemplificou sobre o caso da cidade de São Sebastião, que após fortes chuvas que afetaram o município no litoral norte de São Paulo em 2023, resultando no desabrigamento de cerca de 700 famílias, o governo local buscou soluções técnicas e industrializadas para atender à população. Para a construção do complexo de 518 empreendimentos foi utilizado a tecnologia denominada “wood frame“, que consiste no uso de perfis de madeira combinados com placas estruturais para formar painéis de alta resistência, explicou.
“Apesar de proporcionar uma obra mais limpa e rápida, nosso maior desafio é o aculturamento dos usuários. O entendimento e a receptividade da população com materiais diferentes do convencional é a principal barreira para o avanço mais rápido da adoção de novos sistemas construtivos”, disse Basso.
Apesar das barreiras culturais, novos sistemas construtivos podem reduzir os desafios do setor como no pós-obra, argumentou Luciana Oliveira, pesquisadora e gerente técnica do Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos do IPT. “Os sistemas industrializados geralmente são mais bem projetados e executados, o que diminui os problemas pós-obra. Com informações, treinamento e orientação adequados, podemos progredir”, explicou.
Diante dos desafios e oportunidades debatidos durante o encontro, a busca pela industrialização da construção foi entendida como fundamental para a modernização e aprimoramento do setor, já que a incorporação de tecnologia e a adoção de métodos construtivos mais eficientes podem aumentar a produtividade e a qualidade das obras. “No entanto, é preciso enfrentar as barreiras culturais e promover a conscientização da população sobre a importância e os benefícios dessas mudanças”, encerrou Luciana.