Construtoras recorrem a fundos privados após restrições da Caixa
em Veja Negócios, 12/março
Volume de crédito para construtoras e incorporadoras concedido por Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) cresceu, aponta gestora Multiplike.
As novas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF), implementadas em novembro do ano passado, estão provocando uma mudança no mercado imobiliário. Com a redução da cota de financiamento e limites mais restritivos, incorporadoras e construtoras passaram a buscar alternativas no mercado privado. O reflexo disso foi um salto de 141,8% no volume de crédito para construtoras e incorporadoras concedido por Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), como mostra o desempenho da gestora Multiplike.
Entre as principais alterações adotadas pela Caixa, estão a diminuição da cota máxima de financiamento pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), que passou de 80% para 70%, e pela Tabela Price, que caiu de 70% para 50%. Além disso, o banco limitou a R$ 1,5 milhão o valor de imóveis financiados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e restringiu o acesso ao crédito para clientes com financiamentos habitacionais ativos.
Diante dessas limitações, os FIDCs ganharam força para o setor da construção civil. A Multiplike concedeu 155,4 milhões de reais em crédito para construtoras entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, um salto em relação aos 64,2 milhões de reais do trimestre anterior. “Apesar dos impactos negativos das restrições da Caixa para o setor da construção civil, observamos um movimento intenso de migração de recursos para os FIDCs, em um fluxo nunca visto anteriormente”, diz Volnei Eyng, CEO da Multiplike.
A Caixa Econômica decidiu limitar o financiamento imobiliário porque a demanda por crédito estava muito alta, e o banco precisava equilibrar suas contas. Até setembro de 2024, já havia emprestado R$ 175 bilhões para habitação, um aumento de quase 30% em relação ao ano anterior. A instituição também enfrentou desafios com o aumento dos saques da poupança e limitações nas Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), reforçando a necessidade de conter a liberação de novos recursos.
Com esse cenário, a tendência é que os FIDCs continuem ganhando espaço como uma ferramenta estratégica para financiamentos imobiliários. “Mesmo que a Caixa volte a flexibilizar o acesso ao financiamento no futuro, nossos clientes tendem a permanecer, pois as companhias que fazem negócios com FIDCs pegam recursos mais de uma vez, mantendo um fluxo contínuo de operações”, diz Eyng.
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