Interior paulista vive alta valorização dos imóveis
em Valor Econômico, 8/novembro
Mercado imobiliário nas regiões do Vale do Paraíba, central e noroeste do estado tem momento de vendas aquecidas e ‘boom’ de novos lançamentos
O mercado imobiliário do interior de São Paulo vive um período de forte aquecimento em vendas e lançamentos, segundo diferentes estudos divulgados por entidades que monitoram o setor. Cidades como Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Campinas e São José dos Campos têm registrado alta no valor do metro quadrado com a chegada de novos projetos.
Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) no fim de outubro apontou São José do Rio Preto como a campeã em lançamentos no primeiro semestre: 255% acima do observado nos primeiros seis meses de 2023. Nas vendas, a cidade também se destacou, com alta de 136% no período.
De acordo com o estudo, a região abriga 58% da população do estado, com cerca de 26 milhões de pessoas, e concentra 16% das famílias de classe A do país.
“O interior paulista vem se consolidando como uma das áreas mais pujantes do Brasil para o mercado imobiliário, destacando-se não apenas pelo aumento no número de empreendimentos, mas também pela alta demanda de vendas, reflexo de um setor cada vez mais aquecido na região. Ribeirão Preto, por exemplo, vende mais de R$ 1 bilhão em imóveis por semestre”, afirma Luiz França, presidente da Abrainc.
Além da Abrainc, outros indicadores confirmaram o bom momento do mercado imobiliário no interior O índice FipeZAP de setembro, ao analisar o valor de venda de apartamentos anunciados na plataforma, apontou quatro cidades do interior paulista com as principais variações positivas nos preços dos imóveis residenciais no acumulado de 12 meses: São José dos Campos (12,97%), Campinas (8,8%), Ribeirão Preto (7,45%) e São José do Rio Preto (6,99%).
Em volume de unidades lançadas no segundo trimestre do ano, as mesmas cidades registraram uma alta robusta em relação ao período anterior, com destaque para Campinas: 21,9%, segundo dados da “Pesquisa do Mercado Imobiliário” (PMI), do Secovi-SP e da Brain Inteligência Estratégica.
Canteiro de obras
Quem visita esporadicamente Ribeirão Preto, a 305 quilômetros da capital, espanta-se com a quantidade de prédios em construção e a velocidade de transformação dos bairros, outrora rurais. “Recebo muitos executivos de bancos e investidores de fora, e todos se dizem impressionados. Ribeirão Preto virou um canteiro de obras”, diz João Marcelo de Andrade Barros, CEO da Habiarte Incorporação.
No mercado desde 1985, a empresa se especializou no alto padrão há 30 anos e hoje tem quatro projetos em desenvolvimento na Zona Sul, com áreas de 188 a 367 metros quadrados. Em média, eles estão com cerca de 60% das unidades vendidas. O VGV somado é de R$ 680 milhões.
“Ribeirão Preto concentra a riqueza da região. São dois milhões de pessoas que investem em imóveis, na educação dos filhos e em saúde. E, ao contrário do senso comum, a renda dos mais ricos não vem só do agronegócio, mas do setor de serviços”, aponta Barros.
São José dos Campos é outro case de sucesso imobiliário do interior paulista. A maior cidade do Vale do Paraíba tem o 15º maior valor médio de metro quadrado residencial entre as 56 cidades brasileiras monitoradas pelo Índice FipeZAP de setembro: R$ 8.328.
Empreendimentos verticais nos bairros de Jardim das Colinas e Jardim Aquarius e de casas em condomínios de luxo são os produtos mais procurados pelo comprador de alta renda. “Temos clientes da região, mas também paulistanos que migraram em busca de qualidade de vida e executivos de fora, que trabalham nas indústrias e no polo de tecnologia sediados na cidade”, explica Helena Mello, sócia-fundadora da agência i9vale Imóveis.
A corretora movimentou R$ 150 milhões em vendas no ano. A expectativa é melhorar ainda mais o resultado em 2025, quando voos diretos de outras cidades passarão a pousar no Aeroporto Internacional de São José dos Campos — que já conta com partidas para o Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA).
Condomínios de Luxo
Na mesma tendência, os condomínios de alto padrão no raio de cem quilômetros da capital paulista seguem em alta. Projetos como Fazenda Boa Vista, Quinta da Baroneza, Fazenda da Grama e Haras Larissa continuam com procura elevada e grande volume de casas em construção.
“Esse é um mercado que ganhou força na pandemia e continuou pujante depois dela. Temos visto um grande movimento de novos projetos e condomínios sendo lançados com forte absorção dos lotes”, analisa Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s.
A procura por lotes se justifica: as residências prontas custam de 35% 40% mais do que uma construção do zero. “O preço alto é um prêmio para quem passou pelo processo de aprovar o projeto, esperou pela obra e gastou com equipamentos”, diz Romero.
Não que os terrenos estejam custando uma pechincha. Na Boa Vista, são negociados a R$ 2,5 mil o metro quadrado; na Grama, a R$ 2 mil; e na Baroneza, a R$ 1,6 mil. Em lotes de frente para o campo de golfe, por exemplo, podem chegar a R$ 5 mil.
A alternativa para encontrar preços mais acessíveis é esperar por novos empreendimentos. Na região de Sorocaba, o Vista Verde está em fase de pré-lançamento e terá o primeiro hotel Vik Retreats no Brasil, vinícola própria e piscina de ondas. Com lotes a partir de R$ 1,2 mil o metro quadrado, teve 80% dos terrenos vendidos no evento Family & Friends.
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